segunda-feira, 2 de junho de 2008

Aprendendo a Linguagem das Crianças...

Você já tentou aprender uma nova língua? Então você sabe como às vezes é difícil lembrar de uma ou outra palavra que você precisa. Quando falamos em uma língua com a qual não estamos habituados, falamos mais devagar, com pausas para pensar... Com a criança não é diferente.
Até então, seu filho falava apenas com uma linguagem que ele domina muito bem. Ele usava o choro, o riso, a expressão facial e a linguagem corporal para te falar se estava triste, feliz, satisfeito, com fome, com dor... e você entendia.
Mas ele está crescendo e aprendendo. O mundo é um lugar fascinante cheio de descobertas incríveis e novidades empolgantes! Quando amamos alguém, queremos compartilhar com esta pessoa as coisas que se passam em nossa vida. Seu filho quer compartilhar com você o que está vivenciando, aprendendo e sentindo.
A linguagem só existe porque queremos alcançar e compartilhar com o outro. Na medida em que o mundo dele fica mais complexo, a expressão não verbal passa a ser insuficiente para que seu filho interaja com você. Ele quer se aproximar, te contar, te colocar a par do que se passa no “mundinho” dele. Por isso começa a falar!
Algumas crianças – como bons atores – conseguem se expressar tão bem por linguagem corporal e facial que não sentem a necessidade de falar rapidamente. Eles confiam que você está acompanhando o que estão “dizendo”. Outros são muito sociáveis e extrovertidos e já começam a falar rapidinho. Ainda há outros que são crianças mais tímidas ou introvertidas que preferem ficar um pouco mais de tempo ouvindo esses sons maravilhosos que são as palavras antes de se aventurar a usá-las.
Essa variabilidade é normal. A primeira palavra (além de papá ou mamã) surge com aproximadamente 9 a 15 meses de idade. Mais para o final do segundo ano de vida, a criança geralmente descobre o mundo das palavras e seu vocabulário aumenta rapidamente. Geralmente no terceiro ano de vida a criança já fala frases simples de duas ou três palavras.
Você já deve ter percebido que as primeiras palavras que as crianças falam são nomes de “coisas” ou pessoas. “Água”, “papá”, “carro”, “au-au”... Elas ainda usam a expressão corporal para te mostrar o que sentem e usam as palavras para te mostrar o porque o sentem. Dar nome aos sentimentos é algo mais tardio na aquisição da linguagem.
Mas falar ainda é uma novidade para seu filho. O esforço para usar palavras gasta “espaço mental”. Quando estão sentindo emoções fortes, principalmente quando essas são “negativas” como medo ou raiva, têm dificuldade de usar palavras e tendem a utilizar uma linguagem com a qual têm mais experiência: choro e linguagem corporal.
Quais seriam algumas “dicas” para ajudá-lo a entender melhor a comunicação do seu filho que está adquirindo a habilidade de falar?

* Ouça seu filho. Ouça com os ouvidos o que ele diz, mas ouça também com seus sentimentos e com seus olhos. Desta forma, você será capaz de ouvir também aquilo que ele ainda não é capaz de dizer em palavras.
* Seu filho poderá se expressar de formas indiretas, principalmente quando as emoções forem fortes e difíceis para ele. Por exemplo, ele poderá se esconder quando está com medo ou vergonha e bater palmas quando está feliz. Nesta idade muitas vezes as atitudes falam mais alto que as palavras.
* O melhor jeito de ouvir é ouvir calado. Quando seu filho estiver compartilhando algo com você, desça ao nível dele, olhe em seus olhos e interrompa atividades para escutá-lo.
* É comum a criança contar histórias sobre animais ou personagens fictícios para expressar desejos e coisas que fizeram ou queriam fazer.
* Dê voz a seu filho. Quando ele está tendo dificuldade de colocar o que sente em palavras, ajude-o. Pergunte o que sente e reformule a fala dele dando a ele as palavras que ele precisa para expor seus sentimentos. “Você está dizendo que... Parece que o que está querendo dizer é... Você parece estar sentindo...”
* Busque escutar sem julgar. Mostre a seu filho que seu amor é incondicional e, mesmo quando tiver que impor limites e discipliná-lo, mostre a ele que ele é amado e ouvido. Governe sua expressão corporal e facial para que seu filho sinta que pode confiar em você e te dizer o que está sentindo e pensando.
* Quando for falar, prefira frases curtas, simples e diretas. Isto facilita a compreensão do seu filho. Crianças pequenas se distraem com facilidade.
* Elogie por coisas específicas. A criança tem dificuldade de entender generalizações. “Você fez um desenho lindo!” tem mais impacto para a criança que “Você é uma criança especial!” Elogie o bom comportamento... e elogie também quando a criança não se comporta mal! Dê atenção para o “bonzinho”.
* Fale a linguagem que seu filho domina melhor... abrace, beije, dê carinho, sorria!
Na medida em que a criança crescer, ajude-a a aprender a se auto-avaliar. “O que você achou do seu desenho?”

2 comentários:

Lucely disse...

A Clara ( 1 ano e 5 meses) está numa fase no aprendizado da fala em que já cheguei a me perguntar: "Será que eu ainda vou entender o que ela está querendo dizer?" E confesso que já fiquei angustiada por não entender absolutamente NADA do que ela estava tentando me dizer, mas depois que comecei a prestar atenção no conjunto de informações( direção do olhar, expressão do rosto, a forma de apertar o objeto etc) que ela transmite no momento da conversa, tudo ficou mais fácil e os sons começaram a se tornar palavras para meus ouvidos e nossa interação ficou muito melhor! Então ficou mais fácil " treinar" as novas palavrinhas, porque ela fala na linguagem dela e eu repito da forma correta e aos poucos ela passa a falar aquela palavrinha que ninguém entendia de forma mais clara e vibramos juntas comemorando cada nova conquista!

Amarilis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.