sexta-feira, 20 de junho de 2008

Falando NÃO!

Meu nome é Marcia, moro em São Paulo e tenho filhas gêmeas (fraternas), que acabaram de fazer 2 anos. Tenho tido muita dificuldade na criação das minhas filhas - elas foram muito desejadas e são muito amadas. Trabalho meio período para ficar mais com elas e tento ser uma boa mãe, estando presente, brincando e também educando. Uma das maiores dificuldades é encontrar o equilíbrio entre não ser permissiva demais, nem severa demais. Elas tem um gênio forte e sofro com a necessidade de ter que falar "não" tantas vezes porque elas estão constantemente nos desafiando. Choram muito quando contrariadas, parecem sempre insatisfeitas. Isso tudo é normal, faz parte da idade, ou talvez eu esteja mais cansada porque são duas? Alguma dica?

Que prazer receber sua sugestão! Quanto à sua questão, creio que é, de fato, uma soma de fatores.

Essa idade que suas filhas alcançaram é apelidada, por alguns, de "adolescência da infância". Eles alcançam uma liberdade maior e testam todos os limites. Mas não testam por rebeldia exatamente. Testam numa tentativa de descobrir QUAL é o limite. Mas não basta uma vez. Eles testam, retestam, tentam mil vezes ultrapassar o limite até entenderem onde está o limite de fato. Não é um desafio no sentido de rebeldia, mas é uma tentativa de ir até onde dá para ir.

A maternidade é uma arte, não é? O fato de você ter tempo para elas e buscar estar presente e, muito importante que mencionou também, brincar com elas é algo maravilhoso. O fato de serem duas realmente significa mais trabalho e mais... elas são "aliadas".

Uma boa dica é definir as "regras da casa". Todas as pessoas que cuidam delas ou que convivem com elas na casa de forma íntima e frequente devem estar cientes das "regras". Escolham poucas. Por enquanto talvez 5, depois mais 5. Escolham coisas importantes, simples e possíveis de serem compreendidas por elas.

Por exemplo:

* Não pode mexer no fogão
* Não pode comer biscoito antes de almoçar
* Não pode mexer na TV/DVD/computador sem presença de adultos...

Esses são apenas exemplos. Pense nas coisas às quais mais tem dito não nos últimos dias. Ou, talvez até melhor, observe sua interação com elas nos próximos dias e anote os seus "nãos". Tente definir quais desses "nãos" realmente são importantes. Divida-os nas seguintes categorias:

1. É possível tirar a tentação (colocando objetos perigosos ou que não devem mexer em locais altos ou sem acesso para criança)
2. Não é tão importante ou não é compatível com a idade
3. É importante, é compativel para idade, e entra nas "regras da casa"

Quando definir os "nãos" que interessam, lembre-se de algumas coisas básicas. Simplicidade, consistência e persistência. Ensinar, como dizia a minha mãe, é repetir. E repetir, repetir, repetir. As regras têm que ser simples o suficiente para que elas as entendam. O limite tem sempre que ser consistente (se hoje não pode e amanhã pode, para elas é aleatório e não faz sentido o não. Se não pode, não pode... nem hoje, nem amanhã, nem depois...). E a persistência é porque não vai ser uma, nem dez vezes que vai repetir o liminte. E depois de falar mil vezes, vai ter mais mil no outro dia. Faz parte do educar.

Quanto ao chorar quando são contrariadas, isso faz parte. A questão é que, se o limite imposto é importante, o choro não faz ganhar a "batalha". Então melhor é escolher quais batalhas vai travar... e, quando escolher, como mãe, escolha e batalhe para ganhar. Chorar faz parte da vida... Nós também choramos quando não conseguimos o emprego que queremos, o salário que queremos, o namorado que queremos... elas ainda vão chorar por frustrações maiores. Faz parte do educar, ensinar a perder... e, mais importante, aprender a perder e superar aquilo e seguir em frente!

De fato é muito dificil achar o equilíbrio entre o severo e o permissivo. O severo tira o direito da criança ser criança. O permissivo tira o direito dos outros... e deixa a criança com ilusão de "onipotência".

Enfim... assim começamos nossa conversa...

Nenhum comentário: